A Globo tem, desde a década de 1980, o Vale a Pena Ver de Novo como sua principal faixa de reprises de grandes sucessos. Ao longo do tempo, a emissora também optou por reexibir títulos em outras sessões – a extinta Sessão Aventura e a atual Edição Especial, nome também dado às reapresentações das tramas durante a pandemia.
No entanto, como possui um arsenal bem grande de folhetins marcantes, a líder de audiência acabou não conseguindo – ou não querendo – reexibir algumas novelas muito aclamadas. Relembre, agora, tramas que nunca ganharam um repeteco na tela da Globo.
Sonho Meu (1993)
A lúdica novela de Marcílio Moraes conseguiu vencer a difícil missão de manter em alta os índices de sua antecessora, Mulheres de Areia. Com forte apelo junto ao público infantojuvenil, o folhetim marcou uma geração ao retratar a bonita relação de avô e neta desenvolvida pelo carpinteiro Tio Zé (Elias Gleizer) e pela doce Laleska (Carolina Pavanelli). Apesar do estrondoso êxito, a novela nunca foi reprisada na TV aberta.
Uga Uga (2000)
Um dos maiores sucessos da faixa das 19h, a comédia pastelão de Carlos Lombardi era recheada de cenas de ação e aventura, com direito a um indígena loiro herdeiro de uma fortuna e a um policial, dado como morto, que volta para se reaproximar da família. Apesar da excelente audiência, a divertida história de Tatuapú (Cláudio Heinrich) nunca foi reapresentada.
Paraíso (2009)
Na contramão da maior parte das sagas rurais de Benedito Ruy Barbosa, a segunda versão da história de amor de Zeca (Eriberto Leão) e Santinha (Nathalia Dill) nunca ganhou uma reapresentação. De acordo com o Globoplay, a trama romântica será disponibilizada para os assinantes da plataforma ainda este ano.
América (2005)
Segunda novela de maior sucesso da década de 2000, a trama de Glória Perez enfrentou alguns problemas no início, como a rejeição ao casal protagonista – Sol e Tião (Deborah Secco e Murilo Benício). As arestas foram aparadas com a troca do diretor do folhetim, que garantiu recordes de audiência com temas polêmicos, como deficiência visual, imigração clandestina, claptomania e homofobia – um beijo gay chegou a ser gravado para ir ao ar no último capítulo, mas a Globo optou por vetar a cena de última hora. Recentemente incorporada ao Globoplay, a novela se tornou um dos produtos mais consumidos da plataforma.
Páginas da Vida (2006)
Ironicamente, esta novela de Manoel Carlos registrou audiência superior a Por Amor (1997), Laços de Família (2000) e Mulheres Apaixonadas (2003), mas diferente das demais, nunca ganhou uma segunda exibição na Globo. A saga da terceira Helena interpretada por Regina Duarte, que muda sua vida ao adotar uma criança com síndrome de Down rejeitada pela avó, foi recentemente veiculada pelo Canal Viva, garantindo boa audiência para o canal por assinatura.
Morde & Assopra (2011)
Outro autor que costuma ver suas obras sempre sendo reprisadas é Walcyr Carrasco. Contudo, a saga de dinossauros e robôs que tinha o casal Júlia (Adriana Esteves) e Abner (Marcos Pasquim) no centro da narrativa não deu a mesma sorte. Segundo título de maior audiência da última década na faixa das 19h, a comédia romântica enfrentou rejeição nos primeiros capítulos, mas ganhou o coração do público quando as pitorescas histórias sobre arqueologia e robótica abriram espaço para o drama familiar da humilde vendedora de cocadas Dulce (Cássia Kiss), que era desprezada pelo filho ganancioso.
Paraíso Tropical (2007)
Esta obra de Gilberto Braga e Ricardo Linhares também enfrentou estranhamento do público no início, principalmente em razão da falta de química do casal de mocinhos, Daniel (Fábio Assunção) e Paula (Alessandra Negrini). No entanto, com uma história simples, folhetinesca e cheia de reviravoltas, a trama logo caiu nas graças da audiência, eternizando a paixão bandida do inescrupuloso Olavo (Wagner Moura) e da garota de programa Bebel (Camila Pitanga) no imaginário popular. Jamais reexibida na TV aberta, a novela pode ser maratonada no Globoplay.
Escrito nas Estrelas (2010)
Um dos grandes sucessos da faixa das 18h da última década, a saga espiritualista de Elizabeth Jhin trazia uma criativa discussão no centro da narrativa: o sêmen de um homem morto (Jayme Matarazzo) é utilizado para gerar um filho em uma barriga de aluguel (Nathalia Dill), como forma de satisfazer o desejo do pai do rapaz (Humberto Martins). No entanto, pai (vivo) e filho (morto, em espírito) disputam o amor desta mesma mulher. Com seu estilo marcante ao contar histórias de amor sobrenaturais, a autora Elizabeth Jhin nunca viu nem essa nem outras de suas novelas de sucesso, mais recentes, serem reprisadas até hoje.
Kubanacan (2003)
Outra comédia rasgada de Carlos Lombardi para o horário das 19h, o folhetim fazia uma bem-humorada crítica às ditaduras latino-americanas ao contar as aventuras que aconteciam em uma ilha dominada pelo corrupto militar Camacho (Humberto Martins). A novela entretia com constantes viradas rocambolescas ao trazer no centro da narrativa um grande mistério: a verdadeira identidade de um homem sem memória, interpretado por Marcos Pasquim. Disponível no Globoplay, o folhetim nunca foi reapresentado.
Amor à Vida (2013)
Marcante sucesso de Walcyr Carrasco e primeira novela do autor na faixa das 21h, a trama fisgou o público com o inesquecível vilão Felix (Mateus Solano), um homem que mascarava sua homossexualidade. O carisma do malvado foi tamanho que ele acabou se redimindo e se tornando o mocinho da narrativa, com direito a uma história de amor coroada por um beijo – o primeiro entre dois homens da história da Globo – no último capítulo. Constantemente cogitada para reprises, a novela ainda não ganhou sua vez.
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