Os remakes são sempre ótimas oportunidades de contarmos histórias já conhecidas de uma maneira atualizada. O problema é que esse tipo de projeto pode dar muito certo – como foi o caso de Pantanal, recentemente – ou dar muito errado – como a esquecida segunda versão de Guerra dos Sexos, exibida em 2012.
No entanto, por algumas ocasiões, a Globo já produziu algumas novelas de sucesso sem que o público fosse apresentado a elas como um remake. Na maior parte dos casos, elas até mesmo mudaram de nome. Relembre abaixo 5 tramas que foram regravação e você provavelmente não sabia.
O Cravo e a Rosa (2000)
A comédia romântica que se tornou um curinga de audiência da Globo é uma adaptação da peça A Megera Domada, de William Shakespeare. No entanto, o que pouca gente sabe é que a autora Ivani Ribeiro já havia criado uma versão folhetinesca do clássico do teatro para a extinta TV Tupi, em 1974.
A gigantesca novela era chamada de O Machão e trazia Antonio Fagundes e Maria Isabel de Lizandra, já falecida, como os protagonistas Petruchio e Catarina, e durou 371 capítulos. O que menos pessoas sabem ainda é que A Megera Domada já havia sido adaptada pela própria Ivani Ribeiro, na década de 1960, e levou o título de A Indomável.
A trama de 1965, exibida em preto e branco e contando com apenas 36 capítulos, teve Aracy Cardoso e Edson França como o casal protagonista e também contava a história do tumultuado romance entre o fazendeiro machão e a dondoca geniosa.
Lua Cheia de Amor (1990)
Recentemente adicionada ao catálogo do Globoplay, a novela Lua Cheia de Amor, de Ana Maria Moretszohn, Ricardo Linhares e Maria Carmem Barbosa, foi inspirada no clássico Dona Xepa (1977), um dos primeiros êxitos de Gilberto Braga na Globo. Ambas as tramas foram baseadas na peça teatral que leva o mesmo nome da primeira versão da história para a TV, estrelada por Yara Cortes.
No remake, Marilia Pera é a feirante Dona Genu, mulher batalhadora que luta para sustentar sozinha os filhos, mas é desprezada por ambos por conta de sua origem humilde. Em 2013, a Record produziu outra adaptação da clássica história, também chamada de Dona Xepa, e que trazia Ângela Leal como a protagonista.
A Gata Comeu (1985)
Muitas pessoas sabem que dois clássicos de Ivani Ribeiro – Mulheres de Areia (1993) e A Viagem (1994) – são remakes de obras bem-sucedidas de mesmo nome exibidas na década de 1970 na TV Tupi. Mas o que poucos conhecem é que A Gata Comeu também é uma regravação de um título exitoso da autora para o canal extinto.
Um caso curioso é que a veterana Eva Wilma foi a responsável por protagonizar as três produções – como as gêmeas Ruth e Raquel, em Mulheres de Areia; como a temperamental Diná, em A Viagem; e como a mimada Jô Penteado em A Barba-Azul (1974), folhetim que inspirou A Gata Comeu onze anos mais tarde. Na versão da Tupi, o professor Fábio, personagem de Nuno Leal Maia no remake, era interpretado por Carlos Zara. Jô, na segunda versão, foi defendida por Christiane Torloni.
Fera Radical (1988)
Um clássico da faixa das 18h de Walther Negrão, a saga da motoqueira vingativa Cláudia da Silva (Malu Mader) era na verdade uma segunda versão de Cavalo de Aço, única empreitada do autor no horário nobre, exibida em 1973 e que trazia Tarcísio Meira e Glória Menezes no centro da narrativa.
Na novela das 20h, Tarcísio era o motoqueiro Rodrigo, um homem com sede de justiça e que se instala na fazenda de Max (Ziembinski) para se vingar do massacre promovido contra sua família quando ele era criança. O mocinho, contudo, se apaixona por Miranda, papel de Glória Menezes. A trama não deu a liga que o autor gostaria, e Negrão optou por atualizar a história 15 anos mais tarde, trazendo Fera Radical para a faixa das 18h.
Na adaptação, que se tornou um fenômeno de audiência, o dramaturgo optou por interverter os papéis: a motoqueira com sede de vingança passava a ser uma mulher, enquanto o filho dos fazendeiros suspeitos pela chacina por quem a heroína se apaixona, um homem – Fernando (José Mayer), no caso.
Haja Coração (2016)
Pupilo do veterano Silvio de Abreu, Daniel Ortiz foi encarregado pelo chefe de reescrever uma de suas comédias românticas de maior sucesso: Sassaricando (1987). Com liberdade artística para trazer as devidas atualizações para a trama, Ortiz trocou o nome do folhetim e transformou o viúvo milionário Aparício (Paulo Autran na original, Alexandre Borges no remake), outrora protagonista, em um personagem coadjuvante.
Na década de 1980, embora a novela girasse em torno das confusões amorosas de Aparício, quem roubou a cena foi a feirante desengonçada Tancinha (Cláudia Raia), dividida entre o noivo bruta-montes Apolo (Alexandre Frota) e o mauricinho Beto (Marcos Frota). Por esta razão, Ortiz optou por transformar o triângulo amoroso – agora com Mariana Ximenes como Tancinha, Malvino Salvador como Apolo e João Baldasserini como Beto – no eixo central da narrativa.
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