No ar há mais de três meses, Terra e Paixão já não é mais a mesma novela que se viu no início. Aquele papo de sucessão virou coisa do passado, por exemplo. Aos poucos, Walcyr Carrasco criou um novo enredo em cima da trama que se pretendia contar originalmente. Isso aconteceu após o autor entregar quase todos os curingas que tinha na manga, em uma tentativa de emplacar a história e despertar o interesse do público. Surtiu efeito.
A primeira grande guinada veio com a morte de Daniel (Johnny Massaro), que, embora estivesse planejada, acabou sendo adiantada. Com a tragédia, Irene (Gloria Pires) ganhou mais espaço e até protagonizou um ato que estava pensado para outra personagem. Na verdade, Petra (Débora Ozório) é quem atearia fogo no milharal de Aline (Barbara Reis) e Caio (Cauã Reymond) seria incriminado.
Após isso, a novela se reconfigurou até chegar à virada vista atualmente, com a volta de Agatha (Eliane Giardini). Agora, a mãe de Caio passa a ser uma figura central na trama e, ao que tudo indica, é lobo em pele de cordeiro. Em cenas desta semana, ela começa a dar sinais de que não é uma coitadinha, ao ficar inconformada com a rejeição de Jonatas (Paulo Lessa), seu outro filho.
A “ressureição” de Agatha não estava prevista na sinopse de Terra e Paixão. A primeira esposa de Antônio (Tony Ramos) apareceria apenas em passagens de flashback, com Bianca Bin levando o papel sozinha até o fim. Carrasco, porém, decidiu tirar a mulher da cova para criar uma nova reviravolta na história, que já vinha andando em círculos.
De acordo com matéria do site Notícias da TV, a ex-detenta deve se revelar uma grande vilã, herdando ações na trama que inicialmente seriam de Antônio. O fazendeiro, aliás, já vai se resolver com Caio nos próximos capítulos, pedindo perdão por tê-lo maltratado a vida inteira, algo que só aconteceria no final da novela. Com isso, especula-se que Agatha é quem assuma esse plot de redenção no desfecho.
Outra modificação significativa acontece com Luigi (Rainer Cadete). Assim como Anely (Tatá Werneck), o falso italiano caiu nas graças do público e, por causa disso, teve seu perfil alterado pelo autor, transformando-se em um trambiqueiro com verniz cômico. Antes, ele seria amante de Irene e cometeria maldades como um vilão clássico, passando inclusive a perna na megera.
Já para Petra, o destino reservava a volta de um amor do passado. Em vez disso, Carrasco, que agora escreve os roteiros com a ajuda de Thelma Guedes, providenciou a chegada de Hélio (Rafael Vitti). A razão do vício da personagem em remédios também criou-se de última hora: ela foi abusada por um homem quando ainda era criança.
As mudanças de rota de Terra e Paixão estão se mostrando bastante positivas em termos de audiência. A novela inflou os números da faixa das 21h da Globo consideravelmente ao longo desses três meses, saltando de 23 para 28 pontos de média semanal em São Paulo. O fracasso de Travessia (2022) já é visto pelo retrovisor.