A demissão de Aguinaldo Silva surpreendeu muita gente. Afinal, o autor era um dos principais nomes do quadro de autores da Globo há gerações.
A gestão de Sílvio de Abreu na frente do núcleo de dramaturgia diária do canal teve um papel renovador: com ele, muitos autores antigos estão tendo seus contratos encerrados. Além disso, Abreu concedeu oportunidade a novos roteiristas. Dizem, nos bastidores, que foi para isso que o autor foi promovido à gestão: para renovar a emissora.
Além de Aguinaldo Silva, o próximo nome que se desligará da Globo nos próximos dias é o de Benedito Ruy Barbosa, que iniciou suas atividades na emissora em 1971, quando assinou a primeira novela das 18h da história, “Meu Pedacinho de Chão”. Conhecido por escrever histórias românticas de temática rural, Ruy Barbosa esteve em outras emissoras, como a Band e a extinta Manchete.
Ainda na Globo, chegou ao horário nobre em 1993, quando escreveu fenômenos, como “Renascer” e “O Rei do Gado”.
Em 2003, o autor foi afastado da novela “Esperança”, em sua reta final, devido a problemas de saúde. A trama já não ia bem na audiência. Desde então, ficou relegado a supervisão de texto de remakes de suas tramas das 18h, agora assinadas por suas filhas. Benedito Ruy Barbosa só voltou para a faixa das 21h em 2016, quando escreveu “Velho Chico”, um antigo projeto, com a ajuda de seu neto Bruno Luperi. A novela não fez sucesso.
Com 88 anos, o veterano não tem novos projetos emplacados e está com mobilidade reduzida. Bruno Luperi foi o responsável por praticamente todos os capítulos de “Velho Chico”. Mas a saga de histórias românticas rurais, para os fãs do gênero, terão continuidade: Bruno faz parte do quadro de novos autores e já teve aprovada a sinopse de sua novela das 18h, “Arroz de Palma”, que será exibida em 2021.
Outros autores antigos da emissora que devem ser desligados em breve são Walther Negrão e Manoel Carlos. O primeiro se afastou de sua última novela, a insossa “Sol Nascente” (2016), antes do 30º capítulo, devido a problemas de saúde. A trama foi conduzida pelos co-autores, Júlio Fischer e Suzana Pires – esta última, teve sua sinopse apresentada rejeitada por Sílvio de Abreu. Já Maneco não tem projeto em vista desde “Em Família” (2014), a mal-fadada história de sua última Helena.
Manoel Carlos já anunciava sua despedida de tramas mais extensas, mas deixou claro seu desejo de escrever minisséries ou novelas mais curtas. Recentemente, declarou sua vontade de reescrever “A Sucessora” para o horário das 18h, mas ao que parece, a ideia ficará no papel.
Renovação
A Globo passou décadas com o mesmo time de autores, sobretudo no horário nobre. Da velha guarda, só resta Glória Perez, que prepara uma trama para a faixa no próximo ano. Gilberto Braga também continua na emissora, mas voltará para seu horário de origem, o das 18h, com “Feira de Vaidades”.
Abreu, que havia revelado à Globo talentos como João Emanuel Carneiro, Maria Adelaide Amaral e Daniel Ortiz, foi promovido a diretor em função desse seu faro. Desde então, trouxe para o jogo muitos novos nomes. Atualmente, todos os roteiristas em cartaz são suas descobertas: Angela Chaves (autora de “Éramos Seis”), Rosane Svartman e Paulo Halm (criadores de “Bom Sucesso”) e Manuela Dias (idealizadora de “Amor de Mãe”). Esta última foi a maior aposta do horário nobre da história: antes da atual trama, ela só havia criado séries e minisséries.
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