Em 19 de janeiro de 2009, ia ao ar o primeiro capítulo de “Caminho das Índias”, grande sucesso de Glória Perez, sob direção de Marcos Schechtman.
Inspirada no sucesso de suas outras tramas com foco em outras culturas, como “O Clone” (2001), “Caminho das Índias” também trazia uma história de amor proibido no centro da narrativa. Maya (Juliana Paes), a protagonista da trama, é uma jovem indiana que se apaixona à primeira vista por Bahuan (Márcio Garcia), considerado um “dalit”, ou seja, intocável e impuro pelo sistema de castas da Índia.
O romance, claro, é censurado pela família de Maya, que como toda mocinha rebelde da autora, decide fugir com o amado, com quem tem sua primeira noite de amor, enquanto seus pais se apressam em arranjar um pretendente para a filha. O outro galã da novela é Raj (Rodrigo Lombardi), indiano que mora no Brasil, onde está de casamento marcado com Duda (Tania Khalill), mas é forçado pelos pais a voltar para a Índia para se casar com Maya.
Troca de casal

Inicialmente, a novela era morna e não chamava tanto a atenção, muito em função de apresentar uma história simples e romântica depois da eletrizante “A Favorita”. Mas o grande problema da novela era a total falta de química existente entre o casal principal.
Márcio Garcia teve sua atuação bastante criticada. Em contrapartida, Rodrigo Lombardi, até então desconhecido do grande público, ganhou o coração dos espectadores. Maya e Raj se casaram, contrariados, mas explodiram em química. Os personagens construíram um amor com a convivência e era impossível não torcer para que eles terminassem juntos. Bahuan perdeu espaço até desaparecer.
O grande conflito da novela passou a ser o segredo que Maya escondia de Raj: quando se casou com o galã, a mocinha estava já grávida do “dalit” Bahuan. A revelação do segredo causa grandes transtornos na vida da protagonista e uma breve separação de seu grande amor.
No núcleo indiano, tiveram destaque as dancinhas, as roupas, a culinária (o tchai), a maquiagem e os bordões e expressões, como “are baba”, “baguan keliê” e “arebaguandi”, além de “acenda as lamparinas do juízo”. Destaque para as atuações de Tony Ramos (Opash), Lima Duarte (Shankar), Laura Cardoso (a insuportável Laksmi, mãe de Opash) e Cléo Pires (como a pérfida e invejosa Surya, cunhada e rival de Maya).
Brasil

O núcleo brasileiro tinha no centro da narrativa a rica família Cadore. Os irmãos empresários Raul (Alexandre Borges) e Ramiro (Humberto Martins) eram rivais. Eles tinham negócios com Raj e Bahuan.
No primeiro capítulo, é Maya, como atendente de call-center, quem realiza uma transação escusa de Raul: ele rouba uma fortuna da empresa da família e guarda num paraíso fiscal. O empresário, cansado da vida e do casamento morno com Sílvia (Débora Bloch), cai nas garras da psicopata Yvone (Letícia Sabatella).
Amiga de infância de Sílvia, Yvone é um lobo em pele de cordeiro. Se faz de prestativa e generosa, mas seduz Raul e destrói sua vida: o convence a forjar a própria morte e fugir com ela com outra identidade para Dubai, mas lá, rouba tudo do amante e o deixa a ver navios.
Além da psicopatia da inescrupulosa Yvone, a novela abordou outro transtorno mental: a esquizofrenia, através do playboy Tarso (Bruno Gagliasso), cuja doença não é aceita por sua mãe, a fútil dondoca Melissa Cadore (Christiane Torloni). A perua fez muito sucesso. Em uma das suas cenas mais clássicas, Melissa espanca Yvone ao descobrir que a falsa amiga está tendo um caso com seu marido, Ramiro, para lhe arrancar dinheiro.
Outra trama de destaque foi a da fogosa Norminha (Dira Paes), a da música “você não vale nada, mas eu gosto de você”. Ela sempre dava um leitinho com sonífero para o marido, o ingênuo guarda de trânsito Abel (Anderson Müller), e saía para a farra.
A novela foi reapresentada no “Vale a Pena Ver de Novo” entre julho de 2015 e março de 2016.
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