O autor Carlos Lombardi, que escreveu sucessos no passado na Globo (como “Quatro por Quatro” e “Uga Uga”), apresentou a sinopse de uma série à emissora recentemente.
Fora da Globo desde 2010, quando teve uma breve passagem pela RecordTV, o escritor sugeriu uma série, “Bad Boy”, sobre um jogador de futebol com vida agitada e polêmica, que está em fim de carreira devido a um problema no joelho.
Segundo Lombardi relatou ao colunista Maurício Stycer, do portal UOL, a ideia havia sido bem recebida por Glória Perez, à época supervisora do núcleo de séries da Globo, mas acabou sendo rejeitada pelo diretor de teledramaturgia diária, Sílvio de Abreu. Lombardi afirma que Abreu descartou o projeto por mulheres não se interessarem por futebol, o que faria com que a série não fosse conveniente à emissora.
No entanto, nesta sexta (04), a jornalista Patrícia Kogut, do jornal O Globo, divulgou que Silvio de Abreu aprovou a sinopse de Mauro Wilson intitulada “A Morte Pode Esperar”. A trama, a ser desenvolvida no horário das 19h em 2020, gira em torno de um jogador de futebol de 36 anos que quer voltar para a vida esportiva.
A desculpa esfarrapada para que Abreu rejeitasse o projeto encontra contradição em algumas novelas de sucesso que tinham como protagonistas jogadores de futebol, como “Irmãos Coragem” (1970), “Vereda Tropical” (1984), do próprio Lombardi, e “Avenida Brasil” (2012).
Questionada sobre a “coincidência”, a Globo negou qualquer contato entre os dois escritores. “Silvio nunca falou diretamente com Carlos Lombardi. Mais importante do que essa informação é a de que teremos uma novela com quatro protagonistas e um deles quer voltar a jogar futebol. E não existe em absoluto um entendimento de que mulher não gosta de futebol ou de qualquer outro esporte. É só você observar a programação da emissora como um todo e toda a diversidade que está em nosso DNA”.
Contradições
Fato é que desde que assumiu a gestão de dramaturgia diária da Globo, Sílvio de Abreu vem se mostrando um gestor parcial e extremamente deselegante com os colegas de casa. Não são raras as tomadas de decisão completamente equivocadas do diretor, nem mesmo as brigas internas com outros profissionais da casa.
Ao que tudo parece mostrar, amigos pessoais de Abreu, como Daniel Ortiz, Angela Chaves e Walcyr Carrasco, vivem em alta na emissora. Prova disso é a ascensão meteórica de Ortiz (que ganhou de Abreu a missão de assinar uma releitura de sua própria novela, “Sassaricando”, e já virou até mesmo supervisor de texto de uma autora com mais anos de casa do que ele, Patrícia Moretzsohn).
Carrasco também está anualmente no ar, furando filas em todos os horários e com prioridade para escalação de elenco. Angela Chaves e Alessandra Poggi, quando escreveram a mal-fadada “Os Dias Eram Assim”, viram uma preocupação exagerada de alteração de grade para que sua supersérie fosse exibida coladinha em “A Força do Querer”, e portanto, visse seus índices de audiência elevados. Mais tarde, o favoritismo se confirmou quando Chaves ganhou a oportunidade de reescrever “Éramos Seis”, novela de Abreu, e Poggi chegou a ser sondada para o horário nobre sem nada em seu currículo que justificasse a ascensão meteórica.
Já profissionais que não parecem ter muito a simpatia do todo-poderoso, como Benedito Ruy Barbosa, Miguel Falabella, Duca Rachid e Thelma Guedes, além do próprio Carlos Lombardi, encontram dificuldades incalculáveis de aprovação de projetos. Benedito tentava emplacar “Velho Chico” na faixa das 21h há muitos anos e só o conseguiu quando a reprise de “O Rei do Gado” fez um sucesso inesperado; depois, a sinopse de “Arroz de Palma”, de sua filha e seu neto, foi adiada até não se falar mais a respeito.
Duca e Thelma foram promovidas ao horário nobre, e depois expulsas de lá. Tentaram emplacar “Órfãos da Terra” às 23h, e acabaram com o horário das 18h como prêmio de consolação. Falabella já negocia um rompimento de contrato e andou tendo embates com Sílvio de Abreu nos últimos tempos.
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