Aos 36 anos, Andreas von Richthofen vive recluso em um sítio em São Roque, no interior de São Paulo. Para não ser incomodado por ninguém, ele não usa celular nem tem acesso à internet na propriedade, que fica isolada no meio do mato. A informação é do blog True Crime, de Ullisses Campbell, no site do jornal O Globo.
A publicação apurou com pessoas próximas que Andreas desapareceu definitivamente em janeiro do ano passado, mesma época em que sua irmã, Suzane von Richthofen, deixou a prisão e passou a cumprir o restante da pena em liberdade. Como é amplamente conhecido, ela foi a mentora do assassinato dos pais, há 21 anos, com golpes de barras de ferro enquanto eles dormiam.
Com a condenação da irmã-parricida, Andreas herdou toda a fortuna da família, avaliada na época em quase R$ 10 milhões. O espólio incluía, além de dinheiro em contas e aplicações, carros, terrenos e seis imóveis — entre eles a casa onde a família vivia e que foi palco do crime. A mansão foi vendida por R$ 1,6 milhão — metade de seu valor de mercado — em 2014. No entanto, ninguém mora lá.
Duas décadas após a tragédia, Andreas não demonstra interesse em administrar sua herança. Ele acumula 24 ações na Justiça de São Paulo por dívidas de IPTU e condomínios atrasados, que somam em torno de R$ 500 mil, segundo a reportagem. Como o farmacêutico vive isolado, os oficiais de justiça não conseguem notificá-lo sobre os processos. As ações judiciais podem levá-lo a perder os imóveis em leilão se os débitos não forem quitados.
Dessas casas, duas estão há tanto tempo fechadas que já foram invadidas por falsos sem-teto. São pessoas que, quando identificam uma residência com aspecto de abandono, chamam um chaveiro e passam a viver ali até que alguém apareça para reivindicar judicialmente a posse. Se ninguém reclama, os usurpadores podem conseguir direito definitivo sobre a propriedade.
Todas as propostas de compra dos imóveis foram recusadas por Andreas nos últimos anos. Amigos dizem que ele não gosta da ideia de vender os bens, pois deixá-los em seu nome é uma maneira de preservar a memória de Manfred e Marísia von Richthofen. Contudo, ele tem medo que o que é seu acabe nas mãos de Suzane, já que não é casado nem tem filhos. Ou seja, a irmã é sua única herdeira. Os dois nunca se encontraram nesses 20 anos.