Marco Pigossi falou sobre a dificuldade em se aceitar gay. Em novembro do ano passado, o ator assumiu publicamente seu namoro com o cineasta italiano Marco Calvani, ao postar uma foto de mãos dadas com ele nas redes sociais.
No entanto, o processo para chegar até esse ponto não foi fácil para o galã, que contou em entrevista ao jornal O Globo sobre a solidão da descoberta de sua sexualidade na adolescência: “Eu rezava, pedia a Deus para me consertar”.
“A homofobia é tão enraizada que, por mais que a gente assuma, ainda vai lidar com o preconceito interno. Vesti a máscara heterossexual, sempre fui observado pela beleza. Fiz esse personagem hétero para me esconder, o que deixou minha vida mais confortável. E sou branco, privilegiado, classe média, filho de médicos. Imagina quem está na favela, é negro…”
Aos 33 anos, Pigossi recordou que se escondia no ambiente escolar: evitava descrever para o recreio e chegou a dispensar a viagem de formatura. A salvação, segundo ele, veio pelo teatro, onde podia fugir de sua realidade ao interpretar os personagens.
O ator comentou que, antes de se aceitar como um homem gay, sempre tentou fingir um “comportamento hétero”. Exagerava no aperto de mão viril, por exemplo, uma preocupação que hoje em dia não existe mais.
“Me desenvolvi tentando manter um corpo masculinizado. E acho que isso veio do trauma de não poder me assumir, foi uma maneira de me proteger. Mas, hoje, aquela sombra de ‘não desliza’ desapareceu”, disse.
O relacionamento com o pai, contudo, foi algo que não progrediu: “Com meu pai, é sempre tenso, não há naturalidade. É distante do universo dele, que é eleitor do Bolsonaro. Não que ele ache que ser gay é falta de porrada, mas se vota num candidato desse…”.
“Existe um ideal político que distancia a gente. Ele nunca vai me pegar pelo braço e se unir nessa causa. Diferentemente do amor incondicional da minha mãe”, comparou o Pigossi, que já apresentou o namorado à família. “Mas eles se deram superbem. Meu pai até arriscou um italiano, porque meu avô era italiano”, relevou.
“A pessoa que se aceita e está feliz com o que é conhece uma força enorme. Se sente com poder para ocupar espaços. E o encontro com a comunidade é uma corrente bonita, a gente se sente fortalecido, cria um senso comunitário. Porque, no fundo, o que a gente mais quer é pertencer. Como homossexual, sentia que não pertencia a nenhum grupo. Todos esses corpos passam por isso. E quando passam a pertencer… É do caralho!”
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