A jornalista Glória Maria, 73 anos, morreu nesta quinta (2). O falecimento foi confirmado em nota pela Globo: “É com muita tristeza que anunciamos a morte de nossa colega, a jornalista Glória Maria”, divulgou a emissora.
Em 2019, Glória foi diagnosticada com um câncer de pulmão e conseguiu tratar a doença com imunoterapia. Na sequência, ela sofreu metástase no cérebro, que também pôde ser atenuada, inicialmente, com uma cirurgia. No entanto, os novos tratamentos não avançaram.
“Em meados do ano passado, Glória Maria começou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias, e Glória morreu esta manhã, no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio”, informa a nota.
Vida e carreira
Glória Maria foi considerada um ícone da TV brasileira, pioneira e referência como uma das principais mulheres negras da história do jornalismo. Ela foi a primeira a entrar pela primeira vez ao vivo e a cores no Jornal Nacional e encantou os brasileiros ao mostrar mais de 100 países em reportagens inesquecíveis.
Nascida no Rio de Janeiro, a jornalista era filha de um alfaiate e uma dona de casa. Sempre se destacou como uma aluna brilhante em todos os colégios públicos onde estudou. Ela chegou a conciliar o curso de jornalismo na PUC-Rio com um emprego de telefonista.
Em 1970, a carioca foi levada por uma amiga para ser rádio-escuta na Globo. Nessa função, ela descobria o que acontecia na cidade ouvindo frequências de rádio da polícia e ligando para os batalhões e delegacias.
Na líder de audiência, Glória tornou-se repórter em uma época em que os jornalistas ainda pouco apareciam na TV. Sua estreia no vídeo deu-se em 1971, na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. Nos anos seguintes, trabalhou no Jornal Hoje, além de noticiários locais.
Em suas inúmeras reportagens, ela cobriu momentos icônicos, como a Guerra das Malvinas (1982), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998). Cobriu ainda a posse do presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter. No Brasil, a repórter chegou a conduzir uma entrevista tensa com o ditador João Figueiredo.
Em 1986, a jornalista entrou para a equipe do Fantástico, programa do qual virou apresentadora entre 1998 e 2007. Tornou-se referência em reportagens para países exóticos e entrevistas icônicas, com celebridades como os cantores Michael Jackson, Madonna e Freddie Mercury e os atores Nicole Kidman e Leonardo Di Caprio.
Quando foi entrevistar a Rainha do Pop, em 2005, Glória demonstrou certo receio, em razão do episódio vivido pela colega Marília Gabriela, anteriormente destratada pela artista. “Olha, Madonna, eu tenho quatro minutos, vou errar no inglês, estou assustada, acho que já perdi os quatro minutos”, disse. Para sua surpresa, a estrela virou-se para a equipe técnica e disse: “Dê a ela o tempo que precisar”.
Ainda durante seus anos na atração dominical, a jornalista viajou por mais de 100 países, em continentes como Europa, África e parte do Oriente Médio, apresentando novas culturas aos espectadores. Em 2007, Glória Maria pediu para deixar o Fantástico e tirou dois anos sabáticos. Na época, fez viagens pessoais à Índia e à Sibéria, onde trabalhou como voluntária.
Em 2010, a jornalista retornou ao trabalho comandando o Globo Repórter, onde passou os últimos anos de sua carreira, dando continuidade às suas viagens internacionais. Uma das mais marcantes, sem dúvidas, foi para a Jamaica, em que ela experimentou maconha durante um ritual de uma comunidade rastafári, o que rendeu diversos memes nas redes sociais.
Em setembro de 2019, com a aposentadoria de Sérgio Chapelin, a veterana passou a dividir o comando do Globo Repórter com Sandra Annenberg, ex-âncora do Jornal Hoje. Sua última aparição no programa jornalístico deu-se em agosto de 2022, quando se licenciou para tratar de seus problemas de saúde.
Glória deixa duas filhas, Laura, de 14 anos, e Maria, de 15.
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