Em 13 de outubro de 2006, estreava no horário das 18h da Globo a novela “O Profeta”, que se tornou um dos maiores sucessos da década passada.
Remake da obra homônima de Ivani Ribeiro, exibida na TV Tupi em 1977, a trama foi oferecida a Walcyr Carrasco, então recém-saído da bem-sucedida novela espiritualista “Alma Gêmea”. Entretanto, o autor decidiu passar o projeto a suas então colaboradoras, Thelma Guedes e Duca Rachid, que estrearam como titulares e sob supervisão de Carrasco.
A ideia do remake surgiu devido ao sucesso de novelas com a temática espiritualista na época. Além do fenômeno que foi “Alma Gêmea” (encerrada em março do mesmo ano), a Globo exibiu, entre fevereiro e julho de 2006, uma badalada reprise de “A Viagem” (1994), outra trama da mesma temática de Ivani.
Algumas mudanças pontuais foram acertadas, como a alteração do nome do protagonista Daniel (em razão de que a novela das 19h da época, “Cobras & Lagartos”, tinha sua narrativa guiada por um erro de testamento causado por dois “Daniéis” homônimos). O personagem-título passou a ser Marcos. O filho que o rapaz tem no decorrer da história ganha o nome de Daniel.
A novela original era contemporânea, mas o remake foi ambientado na década de 1950, já que Carrasco creditava à ambientações passadas uma melhor forma de se contar uma história com teor místico.
Relembre a história
A trama de 1977 também era mais dramática e agressiva na dubiedade do protagonista, que é corrompido pela vaidade e pela ambição de seus dons mediúnicos e tem sua vida e carreira arruinadas, perdendo até mesmo o amor de Sônia e buscando a redenção nos braços de Carola, garota problemática de autoestima baixa, que se acha feia e desengonçada.
O remake seguiu um caminho mais focado em uma comédia romântica de época convencional: o mocinho Marcos (Thiago Fragoso), assombrado pelas visões paranormais que tem desde pequeno, se muda para São Paulo, onde cai de amores por Sônia (Paolla Oliveira), noiva de seu primo. Os dois se envolvem, mas são separados por armações da vilã Ruth (Carol Castro), que decide instigar em Marcos o uso de seu dom para ganhar dinheiro fácil.
Decepcionada, Sônia se casa com o patrão, o poderoso empresário Clóvis Moura (Dalton Vigh), que se apresentava como um viúvo solitário e gentil. Em seu primeiro dia de casada, a moça é espancada pelo marido, que a prende no sótão da mansão sem comida e passa a envenená-la. Ela lê no diário da falecida mulher de Clóvis o calvário que Laura (Carolina Kasting) passara até ser morta por envenenamento.
O casamento de Clóvis e Sônia e os sofrimentos enfrentados pela mocinha foram a saída encontrada para atenuar a rejeição que as donas-de-casa tinham pela protagonista. Deu certo. Carola (Fernanda Souza), a gordinha professora de inglês irmã da bela e ardilosa Ruth, está presente na trama e de fato desenvolve um amor platônico por Marcos, mas logo eles se tornam amigos e ela o ajuda em sua missão de salvar Sônia das garras de Clóvis.
Durante a trama, Marcos perde seus poderes por ter se enredado pelo caminho da vaidade e da ambição, mas consegue recuperar o amor de Sônia, que engravida do amante e se desespera ao descobrir que Clóvis é infértil. O filho do casal de mocinhos passa a ser ameaçado pelo vilão. No último capítulo, Clóvis é assassinado por Ruth, que termina presa. Sônia e Marcos têm um final feliz e veem seu filho Daniel, 25 anos depois, se tornar um médico e cientista que faz descobertas favoráveis à cura do câncer.
A trama tem um “quem matou?” que agita a história: Camilo (Malvino Salvador), primo de Marcos e noivo de Sônia no início, morre ao ser atirado do alto de uma janela pela amante Wandinha (Samara Felippo), de quem não queria assumir a gravidez.
Os ladrões de cena da trama foram o feirante peixeiro Tainha (Rodrigo Faro) e a mimada Gisele (Fernanda Rodrigues). Ele é um grosseirão que se arrasta aos pés da moça, mas ela o despreza. No decorrer da trama, Tainha herda uma fortuna e Gisele passa a correr atrás dele. Outro casal que também agradou o público foi Carola e Arnaldo (Rodrigo Phavanello), um paspalho de bom coração.
“O Profeta” registrou média de 32 pontos, um grande sucesso para a época, e foi reapresentada em 2013 no “Vale a Pena Ver de Novo”, mas amargou baixos índices em sua segunda exibição.
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