No dia 17 de junho de 1996, a Globo levava ao ar o primeiro capítulo do marcante sucesso O Rei do Gado, trama de Benedito Ruy Barbosa e com direção de Luiz Fernando Carvalho.
Com média de 52 pontos de audiência, é a novela mais bem-sucedida da Globo nos últimos 25 anos e já se tornou um clássico atemporal. Dividida em duas fases, O Rei do Gado mostrava o desenvolvimento rural e econômico nas fazendas do interior de São Paulo e trazia debates ainda atuais e pertinentes, como a reforma agrária, através de um acampamento de sem-terras.
História
Com uma história de amor clássica no centro da narrativa, O Rei do Gado começa trazendo a rivalidade histórica entre as famílias Mezenga e Berdinazzi, em razão de uma disputa de terras. No entanto, nem mesmo a rixa impede a concretização do amor dos jovens Enrico (Leonardo Brício) e Giovanna (Letícia Spiller), que têm um filho.
Mais de 50 anos depois, Bruno (Antônio Fagundes), fruto deste romance proibido, se tornou “o rei do gado” – um dos maiores fazendeiros e criadores de gado do Brasil. Ele vive em Ribeirão Preto, interior paulista, com a mulher Léa (Sílvia Pfeifer), uma dondoca fútil que o trai com o mau-caráter Ralf (Oscar Magrini), e não mantém contato com os parentes de sua mãe.
A única informação que Bruno tem sobre os Berdinazi é que um tio distante, Geremias (Raul Cortez), é um rico fazendeiro. Solitário, o latifundiário não considera os Mezenga como parte de sua família e tem como único objetivo reencontrar a sobrinha Marieta, perdida desde a morte de seu irmão, para lhe destinar sua fortuna.
As vidas de Bruno e Geremias, contudo, se cruzam no início da novela com o surgimento de duas enigmáticas mulheres: Rafaela (Glória Pires) é uma vigarista que se apresenta como Marieta e passa a morar na fazenda do segundo, determinada a abocanhar sua herança. E Luana (Patrícia Pillar), uma tímida e matuta boia-fria sem passado, por quem Bruno se apaixona perdidamente e a quem leva para viver em sua casa, a contragosto de sua família.
O que ninguém desconfia é que Luana, na realidade, é a verdadeira Marieta, sobrinha de Geremias, e única capaz de colocar um ponto final na guerra entre as duas famílias.
O casal de boia-fria Regino (Jackson Antunes) e Jacira (Ana Beatriz Nogueira) vive em um acampamento de sem-terra, e lutam por reforma agrária. O principal defensor deste movimento no Congresso Nacional é o incorruptível senador Caxias (Carlos Vereza). Em uma cena emblemática, o parlamentar discursa, emocionado, sobre os direitos à terra no plenário do Senado, para uma plateia absolutamente vazia.
Outro ponto marcante da narrativa foi a discussão sobre a violência contra a mulher, já que Léa era agredida pelo amante Ralf. Permearam também as histórias românticas secundárias envolvendo os filhos do protagonista Bruno Mezenga, como a de Lia (Lavínia Vlasak) com o peão Pirilampo (Almir Sater), e a do playboy Marcos (Fábio Assunção) com a sensível Liliana (Mariana Lima), filha de Caxias. Destaque para a trilha sonora da novela, uma verdadeira ode à música caipira brasileira.
O Rei do Gado, que trouxe a revelação de talentos como Lavínia Vlasak, Caco Ciocler e Marcello Antony, fez tamanho sucesso que já foi reapresentada três vezes: 1999 (na Globo), 2013 (no Viva) e 2015 (novamente na Globo, em comemoração dos 50 anos da emissora).
Sua última exibição no Vale a Pena Ver de Novo foi tão bem-sucedida que a Globo desengavetou um projeto do autor Benedito Ruy Barbosa resguardado há anos — a novela Velho Chico — e encaminhou a trama, que seria para a faixa das 18h, para o horário das 21h.
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