A segunda reprise de “Por Amor” no “Vale a Pena Ver de Novo” (quarta se considerarmos as duas reexibições no Canal Viva) chegou ao fim nesta sexta-feira (11).
Encerrando com média geral de 17 pontos de audiência, foi um verdadeiro sucesso e por pouco não ultrapassou “Senhora do Destino” (2017), a reprise mais bem-sucedida da década.
Mesmo com tantas exibições, “Por Amor” faz parte do melhor momento criativo de Manoel Carlos na TV (em resumo, entre as décadas de 1990 e 2000) e, mesmo vinte e dois anos depois, continua irresistível.
Seria um erro desmerecer o tipo de narrativa que Manoel Carlos sabe escrever a julgar pelo fraco desempenho de sua última novela, “Em Família” (2014), trama sem estofo, com história elitizada e com pouco alcance popular. É fato que o autor envelheceu e se cansou de estar à frente de narrativas mais longas.
Mas o estilo da crônica está vivo: não importa se a narrativa é um pouco mais demorada e não depende de reviravoltas, vilanias e ganchos de tirar o fôlego – base de sustentação do fenômeno que sucede “Por Amor” nas tardes, “Avenida Brasil”.
Fora da TV aberta com uma boa novela desde 2008, com a reprise de “Mulheres Apaixonadas”, Maneco fez falta para quem não tem TV a cabo – ele esteve nos presenteando com suas histórias no Viva na última década.
Seja pelo texto sensível, pelos diálogos arrebatadores, pela simplicidade do cotidiano, pela discussão acerca de atitudes tomadas por pessoas que não sabem ser totalmente boas nem totalmente más, “Por Amor” emocionou, cativou, instigou e teve repercussão digna de horário nobre mesmo sendo uma história já conhecida de cabo a rabo pela grande maioria dos espectadores.
Que a pupila Lícia Manzo possa continuar o legado desse estilo tão sensível de Manoel Carlos, tão pouco recorrente para emaranhar nossa telinha de histórias que poderiam acontecer conosco, com nossos familiares ou amigos. Em 2020, Lícia, também adepta do estilo “crônica”, deve estrear “Em Seu Lugar”, sua primeira novela das 21h.
Evidente que existem diferenças marcantes de estilo entre Lícia e Maneco, mas os dois autores bebem da mesma fonte e a reprise de “Por Amor” deixou claro que o caminho está livre para o horário nobre resgatar histórias emotivas, com menos vilanias e ação, e mais sentimentos e erros humanos.
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