É de se estranhar o título de uma novela como “Salve-se Quem Puder” em meio ao caos apocalíptico que o Brasil e o resto do mundo enfrentam na atualidade. O autor, Daniel Ortiz, jura que é mera coincidência.
A trama das 19h estreou em janeiro, um pouco antes do novo corona vírus se espalhar e gerar a tragédia sanitária que interrompeu até mesmo as gravações das novelas inéditas da Globo.
No entanto, nos primeiros capítulos de “Salve-se Quem Puder”, Rafael (Bruno Ferrari) previu a crise de saúde mundial. O rapaz, hipocondríaco, exigia luvas, máscaras e álcool gel em sua rotina, além de solicitar sempre a higienização de sua mesa de escritório. Maníaco com doenças, Rafael ficou ainda pior depois da suposta morte de sua noiva Kyra (Vitória Strada) e passou a assombrar os demais personagens com a certeza de que um novo vírus iria assolar o mundo.
Além deste episódio, relembre outras trágicas coincidências entre novelas e vida real:
“De Corpo e Alma” (1992)

A novela de Glória Perez foi marcada pelo assassinato de Daniella Perez, filha da autora e atriz que interpretava Yasmin na história. Daniella foi morta pelo ex-ator Guilherme de Pádua, que era seu par romântico na trama.
Na história, Yasmin era a musa invisível do gótico Reginaldo (Eri Johnson), aparecia com asas de anjo em determinado capítulo e conheceu Bira, personagem de seu assassino, numa estrada à noite. Na história, Bira pensa que Yasmin é uma assombração. Por infeliz coincidência, a atriz foi assassinada a tesouradas por Guilherme em uma estrada, à noite.
“Velho Chico” (2016)

A mais recente e talvez mais macabra coincidência de todos os tempos se deu em 2016 na novela de Benedito Ruy Barbosa. Santo, personagem de Domingos Montagner, é alvo de um atentado e se afoga no rio São Francisco. Dado como morto, o protagonista é resgatado por índios e volta à vida após enigmáticos rituais da tribo.
Na vida real, Montagner morreu afogado no Velho Chico durante gravações da reta final da novela. Desta vez, ninguém conseguiu salvá-lo. A trama foi acusada de mexer com forças sobrenaturais. Bizarras coincidências apontavam a tragédia na novela: a abertura da trama exibia o desenho de uma mulher, desesperada, ao ver um homem se afogar – Camila Pitanga presenciou a morte do colega de profissão.
Ademais, na trama era retratada a lenda da Gaiola Encantada, suposto barco fantasma que carrega as almas dos que morrem afogados no Velho Chico.
“Escrito nas Estrelas” (2010)

No primeiro capítulo da novela, a mocinha Viviane (Nathalia Dill), moradora de uma comunidade no Rio, luta para que seus vizinhos sejam atendidos na clínica particular de Ricardo (Humberto Martins), depois de uma terrível enchente ter destruído o posto de saúde da favela.
Porém, pouco antes da estreia da trama, uma enchente de verdade havia acometido a cidade do Rio de Janeiro, deixando muitos mortos, feridos e desalojados. A Globo foi acusada de utilizar cenas da tragédia da vida real para exibir na novela, mas isso foi prontamente desmentido pela emissora.
“Morde & Assopra (2011)

No capítulo inicial da história de Walcyr Carrasco, um terremoto no Japão destrói a pesquisa paleontológica da protagonista Júlia (Adriana Esteves). Pouco antes da trama ir ao ar, porém, um terremoto de gigantescas proporções havia acometido a Terra do Sol Nascente.
A primeira cena do folhetim, sob narração do ator Mateus Solano, lamenta a desgraça ocorrida no Japão, afirma que as cenas foram gravadas em data anterior ao terremoto e dedica a novela ao povo japonês.
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