Em cartaz desde novembro, O Rei do Gado é a primeira novela reprisada três vezes no Vale a Pena Ver de Novo. Isso não é por acaso, tendo em vista o sucesso que a saga dos Mezenga e Berdinazi obteve quando foi ao ar originalmente, lá em 1996, e nas outras passagens pela sessão vespertina, em 1999 e 2015. Esse, porém, não é um privilégio de qualquer produção.
A seguir, confira sete histórias que conquistaram o público na primeira exibição, mas sofreram rejeição na segunda. De olho nas reprises que fracassaram!
Terra Nostra
Nada fez mais sucesso na TV, ali na virada de 1999 para 2000, do que essa novela de Benedito Ruy Barbosa. Rara trama de época no horário das 21h, Terra Nostra conquistou o público com a história de amor dos imigrantes italianos Giuliana (Ana Paula Arósio) e Matteo (Thiago Lacerda), que se desencontravam na chegada ao Brasil. Uma continuação do romance, aliás, chegou a ser cogitada.
Em 2004, a Globo desistiu de reapresentar Estrela-Guia (2001) e apostou as fichas de olhos fechados na volta da obra, que naquela altura era exportada para o mundo todo. Entretanto, a decisão mostrou-se errada desde a primeira semana de exibição. Além de derrubar os índices de audiência conquistados por Corpo Dourado (1998), o folhetim chegou a perder para Maria do Bairro, do SBT.
Após cinco meses, a emissora tirou a italianada do ar e resgatou a já esquecida Deus nos Acuda (1992). O resultado foi ainda pior.
Cobras & Lagartos
Essa comédia romântica foi o segundo maior sucesso dos anos 2000 na faixa das 19h, atrás apenas de Da Cor do Pecado (2004) — ambas escritas por João Emanuel Carneiro. Personagens como Foguinho e Ellen, defendidos por Lázaro Ramos e Taís Araújo, assim como a divertida Milu, da saudosa Marília Pêra, roubaram a cena na novela exibida originalmente em 2006.
Não à toa, a Globo fez de tudo para reexibir Cobras & Lagartos menos de três anos depois. O canal, contudo, não obteve autorização do Ministério da Justiça, que considerou a trama inadequada para as tardes. A liberação só veio em 2014, mas aí o timing já tinha sido perdido. A reprise passou batida, rendendo números pífios de audiência — um dos capítulos deu 8 pontos.
Para salvar o Vale a Pena Ver de Novo, a solução encontrada foi abrir o baú e catar novamente o trunfo: O Rei do Gado. Deu certo, claro.
Celebridade
A novela de Gilberto Braga parou o país em sua exibição no horário nobre entre 2003 e 2004. A rivalidade entre Maria Clara (Malu Mader) e Laura (Cláudia Abreu) tornou-se facilmente uma das mais emblemáticas da ficção nacional. Para se ter uma ideia, o capítulo da catártica cena da surra que a mocinha dá na vilã alcançou 58 pontos de audiência, sendo sintonizado por 81% dos televisores.
A reprise, contudo, aconteceu tarde demais, quase 14 anos depois, entre 2017 e 2018. Além de já parecer datada, a trama recebeu uma divulgação equivocada e passou por cortes de edição que prejudicaram o entendimento da história. Rejeitada, Celebridade saiu do ar com média de 13,9 pontos e uma repercussão que em nada lembrou o sucesso de outrora.
Belíssima
Para tentar estancar a sangria deixada por Celebridade, a Globo fez o maior barulho para relançar esta novela de Silvio de Abreu em 2018, com direito até a coletiva de imprensa com parte do elenco reunido. Exibida entre 2005 e 2006, Belíssima também foi um grande êxito na faixa das 21h, colocando Bia Falcão (Fernanda Montenegro) no hall das grandes vilãs da teledramaturgia.
Entretanto, isso não foi suficiente para garantir louros na reprise, que passou em brancas nuvens, com média geral de audiência cravada em 13,7 pontos. Apesar do fracasso, ficou sete meses no ar, recebendo um tratamento de edição bem diferente do folhetim anterior. Ninguém se importou. Os números do horário só melhoraram quando Cordel Encantado (2011) entrou em cartaz.
A Próxima Vítima
Criação do mesmo Silvio de Abreu, essa trama policial é um clássico absoluto. Em 1995, o público rendeu-se à história inovadora e bem amarrada, instigado a descobrir o próximo personagem assassinado, a identidade de um serial killer e o motivo dos crimes. O elenco reunia medalhões como Tony Ramos, José Wilker, Aracy Balabanian, Suzana Vieira e Lima Duarte.
Após 5 anos, a produção voltou ao ar, alardeando um novo desfecho para o mistério. Claramente inadequada para o horário vespertino, a reprise acabou se tornando uma dor de cabeça para a Globo, que chegou a ser acionada na Justiça por causa de suas cenas fortes. Já o público não ficou muito a fim de mergulhar outra vez no thriller, que despediu-se da telinha após 110 capítulos.
Roque Santeiro
No final de 2000, em comemoração aos 50 anos da TV no Brasil, a Globo resolveu tirar o pó das fitas da obra de Dias Gomes, que é tida por muitos como a melhor novela já feita. Em 1985, Roque Santeiro bateu todos os recordes de repercussão, tecendo críticas sociais de toda ordem. A Viúva Porcina, interpretada por Regina Duarte, e o Sinhozinho Malta, de Lima Duarte, ficaram imortalizados na memória de todos.
A justa homenagem, entretanto, não foi tão bem apreciada pela audiência. Os índices foram minguando cada vez mais no decorrer da reexibição, chegando a patinar nos 10 pontos. Diante disso, o canal teve a triste ideia de fazer um repeteco do Você Decide (1992-2000), durante as férias de meio de ano, em 2001. O fracasso foi tão grande que, em menos de um mês, tiraram o programa do ar e trouxeram A Gata Comeu (1985) de volta.
O Profeta
Escrita em cima do texto original de Ivani Ribeiro, essa novela marcou o horário das 18h entre 2006 e 2007, com um enredo que levantava discussões sobre religião e paranormalidade. Thiago Fragoso e Paolla Oliveira formavam o principal casal da história, perseguidos pelo grande vilão interpretado por Dalton Vigh. Foi um sucesso. O último folhetim da faixa a cravar média geral acima de 30 pontos de audiência.
A sua reprise, porém, foi uma catástrofe. Reapresentada em 2013, pegando outra fase crítica do Vale a Pena Ver de Novo, O Profeta tornou-se rapidamente a trama com o pior desempenho da sessão em todos os tempos, título que se mantém até os dias de hoje, com saldo final de apenas 11,9 pontos de média. Repetindo o que faz em momentos de crise, a Globo buscou socorro com um curinga: O Cravo e a Rosa (2000).
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