A nova reprise de “O Cravo e a Rosa” nas tardes da Globo vem cumprindo o que dela foi esperado: manter a liderança em um horário crítico para a emissora, que por vezes sofria derrotas para o quadro de fofocas Hora da Venenosa, da RecordTV.
A novela, exibida originalmente em 2000, marcou a estreia de Walcyr Carrasco no canal da família Marinho. Impulsionado pelo sucesso de “Xica da Silva” (1996) na Manchete, o dramaturgo foi convidado para experimentar um novo estilo de folhetins no horário das 18h, incrementando humor em uma faixa mais tradicionalmente romântica e clássica.
Além do mais, Carrasco precisava lidar com uma estratégia que a Globo pensava para o horário na época: novelas mais curtas, como sua antecessora, “Esplendor”. Portanto, a sinopse de “O Cravo e a Rosa” foi aprovada para ser uma trama de apenas 90 capítulos. Bebendo de referências como “A Megera Domada”, de William Shakespeare, Carrasco escreveu a primeira novela do estilo que marcaria sua trajetória: histórias rurais e de época, com acentuado tom de comédia farsesca.
Porém, o sucesso inesperado da novela foi tamanho que, quando a trama estava chegando ao seu capítulo 40, Carrasco foi informado pela alta cúpula da emissora que precisaria espichar o folhetim, e ele teria um tamanho convencional – a trama chegou ao fim com 221 capítulos, 131 a mais do que o planejado. Para manter a história com ritmo e dinamismo, o autor precisou inventar uma grande vilã que não estava planejada: Marcela (Drica Moraes), uma ex-namorada rejeitada por Petruchio (Eduardo Moscovis), que ressurge e seduz o pai de Catarina (Adriana Esteves) para atrapalhar a vida do casal protagonista.
“Para poder ampliar a história, eu fiz alguns pedidos à Globo. Pedi, por exemplo, novos cenários e uma nova atriz para interpretar uma vilã, coisa que a novela não tinha. Em O Cravo e a Rosa, a vilã era a própria Catarina. Ela mesma impedia o relacionamento dos dois protagonistas. Em 90 capítulos, isso era possível. Mas em 200, eu precisava de uma personagem que fizesse armações, precisava de uma vilã com perfil de novela tradicional. Então entrou em cena a Drica Moraes”, revelou Walcyr Carrasco em depoimento ao Memória Globo.
O sucesso foi tamanho que “O Cravo e a Rosa” terminou com a maior média do horário das 18h em quatro anos, e logo foi reapresentada no “Vale a Pena Ver de Novo”, em 2003. Sua primeira reexibição foi a segunda maior audiência da faixa nos anos 2000. Em 2013, ganharia uma nova reapresentação nas tardes da emissora, registando uma audiência mais modesta. Em 2019, conquistou o título de folhetim mais assistido da história do Canal Viva.