“Deus Salve o Rei” estreava, há dois anos, no horário das 19h da Globo. Escrita por Daniel Adjafre e dirigida por Fabrício Mamberti, a trama foi uma ousada experimentação da emissora líder de audiência.
De olho no sucesso das séries americanas medievais, a Globo resolveu investir muito do seu orçamento na produção de uma arriscada novela na Idade Média, com príncipes, princesas, bruxaria e guerras de escudo e espada. Isso em um horário mais acostumado a comédias românticas leves e despretensiosas.
O resultado, de início, não agradou. “Deus Salve o Rei” foi acusada de ser apenas uma roupagem bonita com uma trama fraca e clichê. A história batida do príncipe que abre mão de seu reino para ficar com uma plebeia não agradou. A vilã também foi considerada robótica e caricatural, com sua atuação bastante detonada.
Algumas mudanças foram prontamente atendidas, investindo mais ação e modificando alguns tons de atuação. Alguns personagens morreram com guerras e peste, outros entraram. O resultado surtiu efeito, e a novela agradou do meio para o fim.
História
“Deus Salve o Rei” tem início mostrando a relação entre dois reinos da ficcional região da Cália. Montemor, governado pela rainha Crisélia (Rosamaria Murtinho), é rico em minérios e tem escassez de água. Já o reino de Artena é administrado pelo rei Augusto (Marco Nanini) e troca sua água, abundante, pelo minério de Montemor, em um acordo firmado há gerações.
A trama começa quando Crisélia adoece e morre, e seu neto mais velho, o íntegro e responsável Afonso (Rômulo Estrela), se apaixona pela doce Amália (Marina Ruy Barbosa), uma plebeia que trabalha vendendo caldos em uma feira em Artena. Ele, então abre mão de seu direito ao trono para ficar com a amada, deixando o reino a Deus dará nas mãos de seu irmão caçula, o parvo e descompromissado Rodolfo (Johnny Massaro).
Para complicar a história, a ambiciosa Catarina (Bruna Marquezine), filha de Augusto, tem planos expansionistas perigosos, que envolvem promover uma guerra para depor seu pai e conquistar a coroa de Montemor. Para tanto, ela inicialmente seduz Rodolfo, que é casado com a desengonçada e ninfomaníaca princesa Lucrécia (Tatá Werneck).
Mais tarde, Afonso, cansado de ver o sofrimento de seu povo nas mãos do reinado de Rodolfo, decide recuperar sua coroa, mas seu romance com Amália fica ameaçado pelas armações de Catarina, que se apaixona pelo novo rei, e decide destruir a vida da plebeia.
Os embates entre a mocinha e a vilã – que no final da trama, descobrem ser irmãs – garantiram ótimas sequências. É válido citar as divertidas cenas e tramas envolvendo Rodolfo e Lucrécia. O surgimento de um novo vilão, o perigoso rei da Lastrilha, Otávio (Alexandre Borges), causa uma grande guerra. Ele se une a Catarina para destruir Afonso.
No último capítulo, Catarina morre, condenada à forca, em uma cena bastante lembrada e elogiada. A produção de arte da novela, com sua floresta medieval, merece destaque. O mais controverso foi a atuação de Marquezine: avacalhada e considerada robótica no início, depois que se ajustou, a atriz provou seu talento. Catarina carregou a trama nas costas, como se diz na internet.
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