Três décadas depois da exibição original, Mulheres de Areia (1993) já não tem cerca de 24% de seu elenco vivo. A atual reprise do remake, no ar nas tardes da Globo, é a oportunidade que o público tem para rever os grandes talentos que contribuíram para o sucesso da novela — alguns deles nas duas versões da obra. Confira os atores que não estão mais entre nós:
Adriano Reys
Mulheres de Areia estava no ar no Vale a Pena Ver de Novo quando Adriano Reys faleceu, aos 78 anos, em novembro de 2011. Ele tratava, desde 2008, um tumor agressivo que se espalhou pelo fígado e peritônio.
Em sua carreira, o prestigiado ator colecionou vários sucessos, como Barriga de Aluguel (1990), Vale Tudo (1988) e Ciranda de Pedra (1981). Trabalhou em praticamente todas as grandes emissoras de TV do país. Fora a Globo, bateu cartão ainda no SBT, Band, Record e extinta Tupi.
Ao chegar à telinha, o galã de cabelos precocemente grisalhos já era um rosto conhecido no cinema e no teatro. Casado, optou por não ter filhos.
Eloísa Mafalda
Além da fofoqueira Manuela, Eloísa Mafalda fez outros diversos trabalhos populares na televisão, como a beata Pombinha (Roque Santeiro, 1985), a cafetina Maria Machadão (Gabriela, 1975) e a primeira Dona Nenê (A Grande Família, 1972).
A veterana, que começou sua trajetória profissional lá na época das radionovelas, destacava-se mesmo nos menores papéis.
Retirou-se de cena após participar de O Beijo do Vampiro (2002). Por causa do Alzheimer, não conseguia mais decorar textos e, sendo assim, preferiu se aposentar.
Partiu em maio de 2018, aos 93 anos, deixando dois filhos, dois netos e dois bisnetos.
Carlos Zara
Vinte anos antes de interpretar o comerciante Zé Pedro, Carlos Zara foi ao mesmo tempo o diretor e o mocinho da primeira versão de Mulheres de Areia (1973).
Coube a ele o papel de Marcos (no remake, Guilherme Fontes), que se envolvia com as gêmeas Ruth e Raquel, defendidas por Eva Wilma. Longe da ficção, os dois se casaram logo depois e permaneceram juntos até o último suspiro do ator.
Morreu em dezembro de 2002, aos 72 anos. Ele enfrentava um câncer de esôfago.
Irving São Paulo
Aos 41 anos, Irving São Paulo nos deixou em 2006. Ele teve falência múltipla de órgãos e insuficiência respiratória após ser internado com um tipo grave de pancreatite.
Era um dos queridinhos da autora Ivani Ribeiro, tendo feito quatro de suas novelas na Globo. Sua estreia na telinha, aliás, deu-se em Final Feliz (1982), assinada por ela.
Na trama de 1993, viveu Zé Luiz, um rapaz que exerce a profissão de médico mesmo sem um diploma.
Irving era irmão do também ator Ilya São Paulo, que morreu no começo do ano passado.
Sebastião Vasconcelos
Curiosamente, Sebastião Vasconcelos foi avô de Gloria Pires antes de ser seu pai, o honrado pescador Floriano, em Mulheres de Areia. É famosa a cena do primeiro capítulo de Vale Tudo em que os dois discutem calorosamente sobre ética.
“Sebastião tinha a capacidade de imprimir caráter aos personagens que interpretava. Desde criança, admirava o seu trabalho e tive a honra de trabalhar com ele em dois momentos. Era um ator que unia força e doçura, qualidades humanas imprescindíveis à arte de interpretar”, disse a atriz ao jornal O Globo.
O artista, conhecido por viver tipos rigorosos na ficção, despediu-se desse mundo em julho de 2013, aos 86 anos, após uma parada cardiorrespiratória.
Raul Cortez
Um dos mais premiados atores brasileiros, Raul Cortez encarnou aqui um vilão fascinante. Ambicioso e narcisista, Virgílio Assunção se dá mal quase o tempo todo, vindo a ter um curto momento de vitória apenas na reta final da trama, quando ironicamente acaba sucumbindo ao próprio feitiço.
Já um renomado profissional de teatro e cinema, o veterano estourou na telinha a partir de Água Viva (1980). Para muitos, seu momento de grande inspiração aconteceu em O Rei do Gado (1996), onde entregou uma atuação irrepreensível como o antagonista Geremias Berdinazi.
Faleceu em julho de 2006, aos 73 anos, vítima de complicações relacionadas a um câncer abdominal.
Joel Barcelos
Chico Belo em Mulheres de Areia, Joel Barcelos nunca deu muito expediente na televisão. Essa, na verdade, foi a única novela que ele topou fazer, além de aparições em algumas minisséries. Sua carreira foi voltada para o cinema, colecionando uma galeria de mais de 40 filmes.
Morreu aos 81 anos, em novembro de 2018, quando se recuperava de um acidente vascular cerebral (AVC). Deixou esposa e três filhos.
Antônio Pompêo
Conhecido por seu engajamento na luta contra o racismo, Antônio Pompêo não foi um ator valorizado na TV, sendo sempre escalado para pequenos papéis. A atriz e amiga Zezé Motta falou sobre isso à época da morte dele: “Não teve o grande reconhecimento que merecia, e acho que morreu de tristeza”.
Foi encontrado morto em sua casa, no Rio de Janeiro, no início de 2016. Não houve divulgação da causa do óbito, mas especulou-se que ele sofreu um infarto. Tinha 62 anos.
Paulo Goulart
O terrível Donato foi um dos mais marcantes vilões interpretados por Paulo Goulart, que colecionou vários personagens do tipo em sua carreira. Na vida real, o ator era descrito por todos como um exemplo de gentileza e simpatia.
Nos bastidores do teatro, conheceu Nicette Bruno, mãe de seus filhos e companheira por seis décadas. “Nós temos as mesmas essências. É por isso que a gente já está há tanto tempo namorando, noivando, casando…”, dizia ele.
Gourlart morreu cercado pela família, aos 81 anos, em março de 2014, após travar duras batalhas contra um câncer.
Nicette Bruno
Sem a companhia de seu grande amor, Nicette Bruno nos privilegiou com seu talento por mais alguns anos, até infelizmente partir no final de 2020. Ela foi uma das vítimas da pandemia de Covid-19.
Estrela desde a infância, a atriz foi uma figura presente por sete décadas na TV, como uma legítima pioneira das novelas. Na trama de Ivani Ribeiro, de quem era muito amiga, divertiu o público com a sua Julieta, ou melhor, Juju.
“Ela só gostava de ser chamada de Juju. Fui para Cuba, para um encontro de teledramaturgia, e a novela estava sendo exibida naquele país. No desembarque, no aeroporto, eu ouvi: ‘Iuiú! Iuiú! Iuiú!’. Mais tarde, percebi que era ‘Juju’. Fiquei surpresa”, contou ela ao projeto Memória Globo.
Em 2001, Nicette tornou-se querida também pelas crianças, ao viver a adorável vovó Dona Benta em quatro temporadas do Sítio do Picapau Amarelo.
Seu último trabalho foi uma participação no remake de Éramos Seis (2019). Uma singela homenagem para a veterana, que havia protagonizado a versão de 1977 da história.
Serafim Gonzalez
A autora Ivani Ribeiro escolheu o título de sua novela após ver o trabalho de Serafim Gonzalez, que fazia esculturas na areia antes da trama original de 1973. Além de interpretar o primeiro Alemão, o ator e artista plástico se encarregou das obras que, na ficção, eram de Tonho da Lua, personagem de Gianfrancesco Guarnieri — na adaptação, Marcos Frota.
Em 1993, Gonzalez teve a mesma função por trás das câmeras, e surgiu em cena como o pescador e cozinheiro Garnizé.
Morreu aos 72 anos, em abril de 2007, vítima de insuficiência respiratória.
João Carlos Barroso
Um câncer de pâncreas encurtou a vida de João Carlos Barroso, que faleceu aos 69 anos, em agosto de 2018.
Na trama das gêmeas, ele interpretou Damião, o assistente do prefeito da cidade, Breno (Daniel Dantas).
Barroso foi um dos galãs coadjuvantes mais requisitados da Globo na década 1970 e integrou o elenco de grandes sucessos, como Pecado Capital (1975) e Estúpido Cupido (1976). Nos últimos anos de carreira, teve participações recorrentes no humorístico Zorra Total.