Entre as vontades expressas por Silvio Santos antes de sua morte, estava a de não ter um velório. O apresentador, que faleceu neste sábado (17), desejava que seu corpo fosse imediatamente levado ao cemitério, com uma cerimônia reservada apenas para familiares e amigos próximos.
Ele queria ser lembrado com alegria, segundo o que suas filhas divulgaram em nota. Todos os ritos seguirão a tradição judaica, religião que ele praticava. A seguir, saiba como acontecem os procedimentos da despedida:
Quando um judeu morre, a família deve primeiro informar ao Chevra Kadisha, um grupo de voluntários que cuida de todos os procedimentos funerários.
Esse processo envolve uma lavagem completa do corpo, simbolizando a purificação da alma. Durante o ritual, orações são feitas em nome da pessoa, pedindo perdão por eventuais pecados cometidos em vida. Esse procedimento é realizado em um local específico no cemitério israelita.
Os judeus acreditam que o tratamento ao falecido deve ser semelhante ao dado aos recém-nascidos, que são imediatamente lavados para ficarem limpos fisicamente e espiritualmente puros.
Após o banho, o corpo é vestido com o Tachrichim, um conjunto de roupas brancas composto por camisa, calça e luvas, que simbolizam a neutralidade com que a alma se apresentará ao Criador, de acordo com a tradição judaica.
Com os braços estirados (não pode cruzá-los), o corpo é então envolto dos pés à cabeça em uma mortalha simples de algodão ou linho, representando a igualdade de todos perante Deus, independentemente de status ou riqueza. Próteses, joias, lentes de contato e dentaduras são removidas — nem esmalte nas unhas é aceito.
A tradição judaica não permite cerimônias com caixão aberto. Também é proibido cremar, embalsamar o corpo ou remover seus órgãos. O sepultamento deve ser em um caixão simples (em geral, tábuas de pinho, que se deterioram facilmente), sem luxo ou ornamentos, tendo apenas uma Estrela de Davi na parte superior e as iniciais do falecido. Nada de velas nem coroa de flores.
O enterro deve ocorrer o mais rápido possível, preferencialmente no mesmo dia da morte. Acredita-se que a alma não pode descansar até que o corpo seja sepultado.
O caixão é colocado diretamente em contato com a terra, e um membro da família é responsável por jogar as primeiras pás de terra na sepultura. Uma lápide é colocada, contendo o nome do falecido, datas de nascimento e morte, além de citações bíblicas, todas escritas em hebraico.
Geralmente, após um ano, pedras são colocadas sobre o túmulo, seguindo a tradição bíblica, em que Jacó colocou pedras na sepultura de sua esposa Raquel como sinal de homenagem. Esse gesto garante que os mortos não sejam esquecidos e que o túmulo seja protegido contra profanações.
O Judaísmo não permite a cremação
No Judaísmo, a cremação é estritamente proibida, pois é vista como um ritual pagão. A religião entende que a lei judaica proíbe qualquer mutilação do corpo. O rabino Pablo Berman explica que, conforme a crença, a alma leva um tempo para se desprender completamente do corpo, e esse processo deve ocorrer naturalmente, através da decomposição. A cremação, por outro lado, forçaria uma separação abrupta e dolorosa entre o corpo e a alma.
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