Há mais de 10 anos, Débora Falabella enfrenta uma situação inquietante e perturbadora: uma “fã” obcecada que a persegue de diversas formas, seja nas redes sociais ou pessoalmente. Pela primeira vez, a atriz, que sempre adotou uma postura discreta sobre sua vida, decidiu falar sobre o assunto.

Tudo começou em 2013, no Rio de Janeiro, quando uma mulher, que hoje tem 40 anos e mora em Recife, entrou no mesmo elevador que a artista e pediu uma foto. A partir desse dia, o caso tomou um caminho um tanto quanto inconveniente. A “admiradora” passou a enviar presentes e cartas de teor íntimo para a protagonista de Avenida Brasil (2012), tentando se aproximar de forma insistente.
Num dos episódios mais preocupantes, a stalker tentou invadir o camarim de Débora no teatro do Sesc Copacabana, sendo barrada pela segurança. Apesar do susto, a atriz registrou apenas um boletim de ocorrência e optou por não levar o processo adiante.
Em 2018, a mulher apareceu na primeira fila de uma peça de teatro em São Paulo, levantando-se abruptamente quando Débora entrou em cena, numa tentativa clara de chamar sua atenção. Ao ver que conseguiu o que queria, ela estranhamente saiu.
Há dois anos, o assédio da “fã” se intensificou no ambiente virtual, quando criou um grupo no Instagram e incluiu a artista e a irmã dela, a também atriz Cynthia Falabella. Nas mensagens enviadas, ela chega a dizer que transa com a “ídola”, com quem teria conversas por telepatia.
A situação se agravou de vez quando a mulher apareceu na porta do condomínio de Débora, na capital paulista, com malas de viagem, tentando entrar. Não sendo recebida, abordou uma funcionária da atriz na rua, gritando que tinha “encontros telepáticos” com ela.

Isso foi o estopim para os advogados de Débora abrirem uma representação criminal por perseguição, buscando uma solução legal para sua proteção.
Ainda assim, a denunciada voltou a assustar a artista ao descobrir que ela estava em uma pousada na Bahia. Quando retornou para casa, Débora recebeu uma encomenda – o livro Romeu e Julieta, acompanhado de uma mensagem: “Para o meu Romeu, com muito amor”.
Prisão e diagnóstico
Depois desse episódio, a Justiça de São Paulo concedeu medida protetiva em favor de Débora Falabella no sentido de proibir a suspeita de ter contato com ela por qualquer meio de comunicação, além de obrigá-la a manter uma distância mínima de 500 metros, sob pena de prisão.
No entanto, em setembro de 2023, a mulher voltou a entrar em contato, tanto pelo Instagram quanto pelo WhatsApp.
Entre outras coisas, a suspeita pediu desculpas pelo comportamento obsessivo ao longo dos anos, além de dizer: “Minha vida não tem mais sentido quando penso que nunca mais vou poder assistir a uma peça sua”.

Pelo WhatsApp, ela sugeriu um encontro presencial com a atriz: “Tenho vontade de lhe conhecer, vamos marcar um chá para colocar esse processo nos acordos. Sou apaixonada por você e não lhe esqueço”.
A equipe jurídica de Débora, então, pediu a prisão preventiva da mulher. Após a expedição do mandado, surgiu a informação de que ela estaria internada em uma clínica psiquiátrica.
A defesa da mulher argumentou que interromper o tratamento resultaria em um novo surto psicótico, mas os advogados de Débora reiteraram o pedido de prisão.
O Ministério Público, por sua vez, propôs uma nova avaliação psiquiátrica da acusada, já que ela havia faltado a exames agendados em duas ocasiões, além de concordar com a detenção.
Em fevereiro deste ano, a stalker de Débora Falabella foi finalmente presa em Recife.
Contudo, a defesa da ré rapidamente solicitou a revogação da detenção, alegando que ela sofria de transtornos mentais graves, incluindo esquizofrenia e bipolaridade. Negando o pedido, a Justiça reiterou a necessidade de um exame para analisar a verdadeira condição psiquiátrica da acusada.
A perícia, de fato, diagnosticou a esquizofrenia, o que tornou a mulher inimputável (incapaz de compreender a ilicitude de seus atos). Por causa do laudo, ela deixou a cadeia em abril, mas ainda deve cumprir todas as medidas cautelares de afastamento da atriz, sob pena de internação provisória.

Débora Falabella comenta
Em uma entrevista ao jornal O Globo, Débora explicou por que mantém o caso longe dos holofotes:
“É algo de que evito falar. Porque tem a minha história e a história dela que, com certeza, tem problemas. Estão cuidando para que seja da melhor forma possível, tanto pra mim quanto pra ela. A gente viu [a série] Bebê Rena… Nunca tive contato, não a conheço. É essa relação de fã. É ruim”
“Tem uma perseguição atrás por um trabalho que faço e pelo qual essa pessoa chega até a mim. E tem a vida dela. Ela tem uma família que pode cuidar, tem condições de ser tratada. Espero que seja. Fico com medo, porque nunca se conhece o outro, nunca se sabe o que vai vir. Atinge muita gente, meu núcleo familiar. É chato. Chato por tudo, porque também quero que ela fique bem”, completou Débora.
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