Mateus Solano botou a boca no trombone e expressou sua insatisfação com a Globo. O ator cobrou publicamente seus direitos pela reexibição de Viver a Vida (2009), que voltará ao ar no Viva a partir do próximo dia 22. No Instagram, ele aproveitou uma postagem do canal para questionar quanto os atores receberiam pela reprise da novela.
“Quanto será que o canal Viva vai faturar? E nós, os intérpretes? Direito autoral não é favor”, detonou o artista, que interpretou dois personagens gêmeos na trama de Manoel Carlos.
A iniciativa de Solano rapidamente ganhou apoio de outros atores. “Boa, Mateus! Post bom de ser compartilhado pelos coleguinhas de trampo”, escreveu Tuca Andrada, postando um print com o comentário dele. Sergio Marone, outro que tem trabalhos na líder de audiência em seu currículo, também se manifestou contra a desvalorização do trabalho artístico.
O descontentamento de Mateus Solano não é isolado. Outros veteranos da televisão, como Maria Zilda e Elizângela (falecida no ano passado), já haviam expressado frustração com os baixos repasses do Viva.
Em uma live de 2020, Maria Zilda revelou ter recebido apenas R$ 237,40 pela reprise de Selva de Pedra (1986). “O Viva não paga, o Viva dá esmola”, reclamou Elizângela, que naquele momento estava no ar com o repeteco de O Clone (2001).
Já Kadu Moliterno mostrou-se inconformado com o valor pago pela vendas de produções para o exterior. Em uma entrevista ao programa Sensacional, da RedeTV!, ele declarou ter recebido quantias irrisórias, como R$ 330,40 por uma novela vendida para dez países.
“Para uma reprise, você recebe mil e poucos reais… Uma reprise em Vale a Pena Ver de Novo.”
Kadu Moliterno
O ator comparou a situação com o tratamento recebido por grandes estrelas de Hollywood, ressaltando a necessidade constante de continuar trabalhando para se sustentar. “Se eu fosse um [Robert] De Niro da vida, não trabalharia mais, só pelas obras que fiz, vendidas para o mundo todo. Mas, aqui não, aqui tem que continuar matando um leão por dia”, alegou.
Foi parar nos tribunais
Um caso emblemático da briga de atores com o Viva foi protagonizado por Sônia Braga. A atriz processou o canal por causa de Dancin’ Days (1978), reprisada em 2014. Sua tentativa de obter pagamento adicional foi rejeitada pela Justiça, que concluiu que o prazo para compensação ainda não havia expirado.
Na época, Antônio Fagundes também entrou na pauta, defendendo que o canal por assinatura remunerasse os artistas por seus direitos conexos.
Os direitos conexos garantem uma forma de bonificação aos atores por cada exibição de uma novela, série ou minissérie. No entanto, essa remuneração é geralmente menor em comparação aos direitos autorais que beneficiam os autores e diretores da obra.
A quantia recebida pelos atores pode variar com base no contrato original — e leva em conta até o horário em que aconteceu a transmissão. Ou seja, elenco de novela das 21h ganha mais.
Para encerrar o assunto, uma curiosidade: o elenco da série Castelo Rá-Tim-Bum (1994), da TV Cultura, assinou contratos que explicitamente abdicava de qualquer compensação por reprises. O programa infantil é reexibido até hoje e nenhum dos atores recebe por isso.